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avós. são aqueles pais sem limites, sem regras, que nos deixam fazer tudo e mais alguma coisa. eram aqueles que nos davam todos os brinquedos e doces que queríamos, que nos iam buscar à escola, que nos levavam ao jardim zoológico, ao circo, ao cinema ou a outro sítio qualquer. eram aqueles por quem nós exigíamos demasiado da sua saúde e da sua capacidade física. deixavam-nos ficar em casa deles quando estávamos doentes, iam ver-nos a todas as festas de carnaval, páscoa ou natal que tivéssemos na escola e exibiam um orgulho evidente quando assistiam às nossas peças de teatro.
e agora? agora, em vez de nos irem buscar à escola sou eu que vou ver a minha própria avó ao hospital ou ao lar, é ela que está doente em minha casa, triste, com um pesado vazio em si. já pouco diz e o que diz mostra, muita das vezes, a imensa confusão que tem das coisas que se lembra.
porém, gosto de pensar que, apesar de agora estar mais em baixo, a minha avó fez e faz parte de quem eu fui e de quem eu sou, pois se antes cuidou de mim como ninguém, agora também é a minha vez de retribuir.
mas entre muito esforço por se lembrar de certas coisas, cada vez que lhe olho nos olhos sei que, bem lá no fundo, se lembra de cada detalhe de mim e todos os momentos que passámos juntas.